Homen do Céu – IRIBIRI – Cisne Negro
”IRIBIRI um espetáculo que emociona e diverte” ACACIO R. VALLIM JR. 28 May 1982
Company: Grupo Cisne Negro
Premiere: 10 May 1982
Venue: Theatro São Pedro
Author: Francisco Medeiros e José Rubens Siqueira
”IRIBIRI um espetáculo que emociona e diverte”
ACACIO R. VALLIM JR.
O Estado de São Paulo 28 Maio 1982
“IRIBIRI”, espetáculo apresentado no Teatro São Pedro pelo Grupo de Dança Cisne Negro, é uma das realizações mais felizes já surgidas no panorama da dança paulista. Para um grupo acostumado a apresentar programas formados com coreografias variadas, a proposta de um espetáculo longo centrado num único assunto representa um desafio. Esse desafio o Cisne Negro enfrenta e vence com muita energia a despeito da pouca maturidade cénica de alguns intérpretes. Tanto pela proposta do tema quanto pela impecável produção do espetáculo, “IRIBIRI” é um trabalho destinado a qualquer platéia e que vai emocionar e divertir o público.“IRIBIRI” se desenvolve em dois planos distintos de ação cénica. Um hiperrealista construído com ações tiradas do cotidtano e outro poético, com imagens de sonho que comentam, criticam ou esclarecem o plano real. Esses planos começam isolados no início do espetáculo. Aos poucos o plano do sonho possa a interferir no espaço físico da realidade para, na cena do jantar, se tornar visível para as pessoas que nele atuam. Na cena final, o sonho chega até a modificar a realidade.
As cenas que acontecem no plano do cotidiano retratam ações corriqueiras. São mostrados o despertar de duas moças, a arrumação do apartamento de dois amigos, um jantar em família, a ceia de uma velha. A banalidade desses acontecimentos vai, ao longo do espetáculo, ganhando toques de melancolia até atingir seu ponto máximo de expressividade na terrível imagem da mulher de mil anos. Essas personagens vivem seu dia-a-dia quando jovens, ganham consciência do tédio de suas vidas quando adultos e, quando velhos, só tém forças para exalar o últtmo suspiro.
De um modo muito inteligente, os criadores do espetáeulo tratam essas figuras com carinho deixando para a platéia qualquer reflexão crítica. E se essas figuras são criticáveis em muitos aspectos, elas conservam intactas sua humanidade e seu poder de sonhar uma vida diferente para si mesmas. No final são os personagens do nível poético(o sonho) que vão transformar a velha de mil anos, por meio de um artifício teatral, numa mulher bonita que dança com toda a força de seu corpo jovem.
Entre tantos aspectos emocionantes do espetáculo, talvez o mais belo de todos seja exatamente o significado que a dança adquire dentro desse conjunto de ações. Se o plano real é apresentado como movimentos copiados do dia-a-dia, o plano do sonho usa essas ações mas as tránsforma em dança. Desse modo, uma moça que puxa um carrinho de feira não está simplesmente puxando esse carrinho. Ela dança a sua maneira de puxar o carrinho.
E é a dança que no epílogo do espetáculo traz todo o elenco para mais um instante de encantamento provocado pela movimentação dos bailarinos. Essa beleza acontece através de um trabalho impecável de Sonia Mota, uma das poucas profissionais da coreografia a trabalhar o espaço de cena em sua trídimensionalidade e o corpo do bailarino perfeitamente harmonizado a esse espaço.
De tal modo a equipe de “IRIBIRI” criou um espetáeulo homogeneo que é impossível saber, por exemplo, onde termina o trabalho de direção para começar o de coreografia. José Rubens Siqueira (roteiro, cenários e figurinos), Francisco Medetros (direção) e Sônia Mota (coreografia) são os principais responsáveis por um espetáculo que fica na memória e ao qual se pode voltar sempre para novas descobertas.
Creative Team
Roteiro original: Francisco Medeiros e José Rubens Siqueira
Direção: Francisco Medeiros
Coreografia: Sonia Mota
Cenário e figurinos: José Rubens Siqueira
Músicas: Bach, Vivaldi, Haendel
Seleção musical: Francisco Medeiros, José Rubens Siqueira, Sonia Mota e Flávia Calabi
Sonoplastia: Flávia Calabi
Iluminação: Francisco Medeiros e José Rubens Siqueira
Produção: Grupo de Dança Cisne Negro
Performers:
Armando Duarte, Beth Risoléu, Carmem Balochine, Claudia Decara, Darcy Bittencourt, João Carlos Aur, Márcia Claus, Morco Antonio Gomes, Maria Isabel Mano, Maria Alice Leopoldo e Silva, Patricia Ghirello, Ricardo Viviani, Wiamir Napoli
Grupo de Dança Cisne Negro
Relações Públicas: Eliete Brancato
Coordenação Geral: Hulda Bittencourt
Fotos: João Caldas
Máscaras e Adereços: José Rubens Siqueira
Execução dos Figurinos: Dora M. Gomes e Elione de D. Monge
Execução do cenário: José Vicente Peres e Antonio Nunes Oliveira
Luz e Som: Cisnesom
Operador de luz e Eletricista: Marcos Antonio Barbosa
Operador de som: Dorotéia Barbosa
AGRADECIMENTOS: Antonio Carlos Maciel, Antonio Carios Menezes, Luís Américo Medeiros, Luiz Cavalcanti Pessoa, Companhia Industrial Pernambucana, Márcio Goldfarb (Marisa Lojas Varejistas Ltda.), Jet-tours, Fábrica de Lenços Safira Ltda., Clube Alto dos Pinheiros, Troi S.A., Hevea indústria de Plásticos Ltda., Philips do Brasil Ltda., Marcos Bertoni, Chloé Siqueira, Guillermo van Domseiaar, José Luís Brancato, lacov Hillel, Riwka Schwarz, Zaida Périgo
Performances:
820510 Teatro São Pedro
Archival Material:
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